domingo, 18 de agosto de 2013

S. JOSÉ DOS CAMPOS, A CIDADE DOS "AUTÔNOMOS"

Vida profissional depois dos 4009 DE AGOSTO DE 2013 ÀS 01H00
EMPREGO

Vida profissional depois dos 40

Ticiana Schvarcz
São José dos Campos

Não é preciso ir longe para enxergar que o mercado de trabalho está recheado de jovens recém-formados ou que acabaram de ingressar em uma Universidade e adultos até seus 28 anos. O desafio está em encontrar pessoas com mais de 40 anos atendendo em lojas, bancos e até sendo contratados por empresas. A verdade é que quem já passou dos 40 e quer voltar ao mercado de trabalho tem encontrado dificuldades para se reintegrar.
Isabel Cristina Mendes trabalha desde os 17 anos em São José dos Campos. Formou-se em administração de empresas e há alguns anos, já com mais de 30, e após a morte da mãe adotiva, resolveu deixar a cidade em que cresceu para procurar a família biológica em Juiz de Fora, Minas Gerais. Resultado: não foi bem recebida pelos pais verdadeiros, nem pelo novo mercado de trabalho.
“Eu sempre fui correta e responsável, mas as pessoas me taxavam de puxa-saco por causa disso. Acho que a responsabilidade de quem é mais velho é confundida nessas horas. Eu sofri preconceito de verdade, já fui chamada de velha e de coisas piores. Saí do meu emprego porque não aguentava mais e quando fui procurar outro quem disse que consegui? Fiquei mais de dois anos nessa luta sem nenhum resultado.”
Hoje Isabel trabalha como cabeleireira em um salão de beleza de São José dos Campos e afirma que, mesmo mantendo a boa aparência, a diferença entre ela e candidatas mais novas já começa antes mesmo da entrevista de emprego. “Quando eu tenho que colocar idade no currículo, eu coloco 45, mas estou para fazer 50. Eu sempre vejo as pessoas ficarem 15, 20 minutos em uma entrevista, já teve vez que eu mal entrei e já me agradeceram pedindo para sair. Acho que depois dos 35 anos fica muito difícil para qualquer mulher conseguir um emprego. E eu não estou procurando um bom salário, eu estou querendo é trabalhar.”
Sem filhos, marido e sem familiares após a morte da mãe para auxiliar, Isabel resolveu por si só fazer o curso de cabeleireira enquanto morou em Juiz de Fora pensando em uma atividade que pudesse continuar exercendo após os 40 anos e hoje agradece a Deus por ter tido a ideia. “Se não fosse esse curso, estaria passando fome”, disse.

Nenhum comentário: