segunda-feira, 26 de novembro de 2012

OPERAÇÃO PORTO SEGURO E OS BANDIDOS DE ALTO ESCALÃO DO GOVÊRNO


De cirurgia a viagem, extensa lista de favores

Inquérito da PF destrincha relações entre Paulo Vieira e Rosemary Noronha

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SÃO PAULO - Cirurgia, emprego para os parentes, armários novos, prestações da casa e até uma viagem de cruzeiro no trecho Rio-Santos com os cantores sertanejos Bruno e Marrone. É marcada por favores a relação entre Rosemary Nóvoa de Noronha, ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo, demitida sábado pela presidente Dilma Rousseff, e ex-secretária pessoal do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com Paulo Rodrigues Vieira, preso na operação Porto Seguro da PF.
No inquérito, a PF levantou uma série de “auxílios e favores financeiros” concedidos a Rose, como ela é conhecida no PT desde os anos 1990, quando trabalhava com o ex-ministro José Dirceu.
Rose pediu ao grupo liderado por Paulo Vieira, que inclui seus irmãos Marcelo e Rubens, um favor para sua filha Meline e o favorecimento para a empresa de seu genro Carlo Torres, dono de uma pequena construtora em São Paulo, a New Talent Serviços. Rosemary pediu um atestado de capacidade técnica à faculdade que seria da família Vieira, a Facic. O atestado indicaria que a New Talent prestou um serviço de R$ 2 milhões à faculdade.
A PF apurou ainda que ela requisitou o pagamento de prestações de imóveis em nome da Bancoop, a cooperativa imobiliária do Sindicato dos Bancários de São Paulo, que já foi presidida por João Vaccari Neto, hoje tesoureiro do PT. Os boletos da Bancoop pagos por Paulo Vieira somam R$ 13.805,33.
Em novembro de 2010, ao final do governo Lula, Rose conseguiu da nomeação da filha, a publicitária Mirelle, na diretoria de Infraestrutrura Aeroportuária da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), cujo titular era Rubens Carlos Vieira, um dos presos na Operação Porto Seguro.
“Paulo, tem que dar para a Rose 12,5 mil reais. R$ 7,5 mil da cirurgia e R$ 5 mil para fazer o armário. Eu só tenho aqui a metade do dinheiro”, escreveu Marcelo Vieira ao irmão Paulo, em 29 de março passado. A cirurgia foi feita no ouvido de Rose, que responde em um email a Paulo, no mesmo dia: “A cirurgia deu certo graças a Deus. Já estou ouvindo, embora o som esteja muito alto”.
Um dia antes, ela havia cobrado o dinheiro. “O Marcelo não me entregou os recursos combinados. Liguei para ele quase duas semanas atrás, mas ele não retornou”, escreveu Rose, que parecia dar detalhes do que fazia com o dinheiro: “Provei o orçamento do marceneiro e preciso pagar 50% para que ele comece a fazer o serviço”. Segundo a PF, Rosemary e o marido, João, fizeram a reforma do apartamento de Paulo.
Nos e-mails, alguns trechos indicam que Rose intercedia pelo grupo de Vieira em diversos setores: “Hoje, vou tentar falar com o Alvarez sobre a rádio... aguarde” e “O Edson FMU vai sair candidato a vice na OAB, por isso o D'Urso está dando uma canseira no meu pedido, mas vai sair, aguarde”.
Ao ser presa, na manhã de sexta-feira, Rose ligou para o ex-ministro José Dirceu, que disse a ela que nada poderia fazer. Rosemary não foi localizada neste domingo em nenhum de seus telefones.

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