sábado, 26 de novembro de 2011

PRAIAS DESERTAS ( SP )

Trilhas e barcos levam a praias quase desertas no litoral de SP

G1 visitou praias no Litoral Norte; acesso a algumas é pura aventura. 
Recantos quase inóspitos são visitados por poucos banhistas.

Carolina Iskandarian e Letícia MacedoDo G1 SP

Praia (Foto: Flavio Moraes/ G1)Praia das Conchas, em São Sebastião, tem mar calmo e acesso por trilha (Foto: Flavio Moraes/ G1)
Praia deserta? Em São Paulo? Soa estranho, mas o estado ainda tem alguns recantos quase inóspitos, visitados por poucos e privilegiados banhistas. Geralmente, o acesso a essas paisagens tranquilas é feito por barco ou trilha. Quem gosta de aventura e busca sossego pode escolher algumas das praias que o G1 listou e ficam a poucas horas da capital paulista.
(Na segunda-feira, 21, o G1 deu início a uma série sobre turismo em todos os estados onde está presente. A primeira semana da série foi no estado de São Paulo. Se você tiver dicas de destinos no estado, com descrição e fotos, envie ao VC no G1.)
Praias turismo SP (Foto: Editoria de Arte/G1)
Se a ideia é passear pelo Litoral Norte, a dica é São Sebastião, município distante 191 km da capital paulista. Ali estão praias conhecidas e badaladas, como Maresias, Baleia e Juquehy. Mas, se o objetivo da viagem é se esconder das barraquinhas e guarda-sóis, pegue a Rodovia SP -055 (Manoel Hyppolito Rego). A 9 km do Centro da cidade está a Praia das Conchas, que fica perto da Praia de Guaecá, mais conhecida e movimentada.
Para chegar até a Praia das Conchas, só de barco ou fazendo uma trilha que dura de 20 a 30 minutos, dependendo do passo. A mata é fechada, com alguns trechos de subida. O repelente é artigo obrigatório, pois os "borrachudos" não perdoam. Depois da caminhada, a visão do mar limpo e claro, ainda do alto da trilha, é um alento.
“Essa é uma praia deserta. Não tão propícia ao banho por causa da formação rochosa (a faixa de areia é mínima), mas dá para cair na água. Aqui é muito legal para mergulhar”, conta Reinaldo Gomes dos Santos, guarda do Parque Estadual da Serra do Mar.
Na manhã desta terça-feira (22), quando acompanhou a reportagem do G1 pela região, o Zen, como o guia é conhecido, apontou para um ponto preto que se mexia na parte rasa e transparente da Praia das Conhas. Era uma arraia. “O pessoal não vem muito aqui porque vê a mata fechada e fica com medo. É até bom que as pessoas não descubram essas praias afastadas”, disse ele, que, no caminho de volta, recolheu um saco de lixo com latinhas de cerveja abandonado.
Seguindo pela mesma trilha, mas entrando na bifurcação à direita (não há placas de sinalização. Por isso é preciso se informar antes), o visitante toma o rumo para a Prainha do Guaecá.
Outro paraíso pouco visitado, essa praia tem uma faixa de areia maior e pedras que devem ser ultrapassadas antes de chegar até a água. Zen alerta: “Tem ouriço que fica no meio das rochas. Esse é o problema de andar descalço aqui”. De acordo com ele, “o mar é calmo” e só fica perigoso em dias de tempo ruim e ressaca. Em mais uma ressalva sobre o lugar, o guarda diz que ali é proibido acampar. Apesar do caminho tortuoso, as duas praias são um convite ao descanso e bons momentos de lazer sem risco de barulho e agitação. Mesmo que na alta temporada o número de visitantes seja um pouco maior.
Pescaria
Praia (Foto: Flavio Moraes/ G1)Praia Brava do Guaecá, vista de um mirante, tem águas
calmas (Foto: Flavio Moraes/ G1)
Ainda na mesma região, na altura do km 141 da SP-055, um mirante, ponto de parada dos turistas para fotos, anuncia que vale a pena segurar a viagem por alguns minutos. Distante quase 1 km da estrada, em uma trilha de descida íngrime, o cenário é atrativo. A Praia Brava do Guaecá é pequena, escondida e tem um mar cristalino. “É uma praia de tombo, com maior ondulação, sendo mais visitada por pescadores”, explica o guarda Zen.
O motorista Carlos Alberto Albuquerque Ferreira Júnior, de 34 anos, é um dos poucos frequentadores. “Venho aqui para pescar. Tem muita garoupa, espada, robalo porque a praia é deserta, pouca gente conhece.” O carioca, que deixou o Rio para trabalhar e ter “melhor qualidade de vida” no litoral paulista, avisa: “Só tem que tomar cuidado com a trilha porque tem muita cobra”. Apreciar a fauna da região, cortada pela Serra do Mar, também é um privilégio que Ferreira Júnior orgulha-se de ter. “Eu já vi até tucano por aqui.”
O advogado Fabio Llimona, de 25 anos, disse ser frequentador de praias menos badaladas no Litoral Norte. Os lugares preferidos são as prainhas mais escondidas de Boraceia. “É bom para os surfistas, tem altas ondas. Pouca gente vai”, afirma o rapaz, que parou com a namorada Jakeline Silvestre, 25, para uma foto no mirante de vista para a Praia Brava do Guaecá. “Estamos procurando uma praia mais calma."
Em Boiçucanga, também no Litoral Norte, uma outra opção de praia pouco movimentada é a Praia Brava de Boiçucanga. Bom para os surfistas porque o local, dentro do município de São Sebastião, tem boas ondas para a prática do surfe. . Para chegar a esse recanto de ondas fortes e perigosas é preciso seguir pela Rodovia Dr. Manuel Hyppólito Rego (SP-055).
Ilhabela
Praia família  (Foto: Flavio Moraes/ G1)Natalino de Ferraz levou a família e os vizinhos
para a Praia da Pacuíba, em Ilhabela
(Foto: Flavio Moraes/ G1)
Se a ideia é viajar ainda mais, que tal procurar praias (quase) desertas em Ilhabela? De carro, o único acesso até a ilha é por uma balsa que sai de São Sebastião. A travessia é rápida, levando em média 15 minutos. A 21 km ao norte da entrada da ilha - 3 km só de estrada de terra -, está a plaquinha que indica a Praia da Pacuíba. A passagem pela mata é bem fácil, não tem mais do que 200 metros, e o visual impressiona. É preciso cuidado porque o mar tem onda, não é uma piscina.
Na terça, mesmo com dia nublado, um grupo de quatro amigos de São Paulo visitou o local. “Essa praia não é muito frequentada, tem pedra e o mar é fundo”, atesta o engenheiro André Augusto Gola Vieira, de 25 anos. “É difícil o pessoal vir para cá porque Pacuíba fica muito longe da ilha”, completa Tadeu Brandão Mascigrande, de 29. De férias, os rapazes curtiam a calmaria em Ilhabela, mas estavam hospedados em Maresias, a praia mais badalada de São Sebastião. “Aqui vem muito casal”, aposta Mascigrande.
Não só namorados, mas famílias com crianças também. O aposentado Natalino de Ferraz, de 63 anos, trouxe sua caravana de Limeira, no interior do estado, onde mora, para curtir uns dias de folga na ilha. “Estou com minha esposa, meu neto e minhas vizinhas. Elas não conheciam essa praia. A gente gosta daqui porque é bom para brincar nas ondas”, conta o aposentado.
A amiga dele aprovou o que viu, mas diz preferir mares mais calmos. “A praia é muito bonita, mas gosto das sem onda. Eu tinha curiosidade de vir”, diz Maria Orlanda, de 67 anos. Os dois concordam em um ponto: “essa praia é uma delícia, mas tem muito borrachudo”, reclama Ferraz. Ele tem razão. Não fossem os incansáveis e chatos mosquitinhos, a Ilhabela seria um paraíso perfeito. Por isso, o repelente não pode faltar na bagagem.
Praias desertas (Foto: Editoria de Arte/G1)
Litoral Sul
O Litoral Sul de São Paulo também tem seus destinos mais escondidos, longe da habitual agitação da alta temporada. E é nas ilhas que está o sossego. A Ilha do Cardoso é um desses recantos. Para chegar até lá, o trajeto é pela cidade de Cananeia, acessando a Rodovia Régis Bittencourt. No porto, o turista pega barcos até Marujá, uma comunidade localizada dentro da ilha. As praias de Foles, Cambriú e da Laje são tranquilas e podem ser uma boa opção de passeio.
A Ilha do Bom Retiro é outra dica e o caminho até ela passa também por Cananeia, acessando a Régis Bittencourt. Para chegar à ilha, é preciso pegar uma escuna ou uma voadeira (pequena lancha) do píer de Cananeia. O tempo de viagem é de 1h30. A ilha possui praias de águas cristalinas, excelentes para o mergulho.
Praia (Foto: Divulgação)Praia da Laje fica na Ilha do Cardoso, no litoral sul (Foto: Divulgação)

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