quinta-feira, 25 de agosto de 2011

GLEISI E OS R$ 41 MIL DA ITAIPU



Gleisi recebeu R$ 41 mil ao deixar Itaipu para ser candidata


ANDREZA MATAIS
FILIPE COUTINHO
DE BRASÍLIA
A ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann (Sergio Lima/Folhapress)



 A ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) recebeu R$ 41 mil de indenização da Itaipu Binacional ao deixar a empresa para se candidatar, pela primeira vez, ao Senado pelo PT do Paraná.
A indenização, equivalente a multa de 40% do saldo para efeito de rescisão trabalhista, só é paga quando o funcionário é demitido da empresa sem justa causa.
Questionada pela Folha sobre o por que do pagamento, ela afirmou que "foi exonerada de Itaipu, conforme decreto publicado no Diário Oficial de 29/3/2006" e que o valor recebido "a título de indenização do FGTS foi de R$ 41.829,79".
Eraldo Peres - 8.jun.11/Associated Press
Gleisi Hoffmann, ministra da Casa Civil, recebeu indenização de R$ 41 mil ao deixar diretoria da Itaipu para disputar eleição
Gleisi Hoffmann, ministra da Casa Civil, recebeu indenização de R$ 41 mil ao deixar diretoria da Itaipu para disputar eleição
Ex-diretor da Itaipu, o líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PPS-PR), disse à Folha que quando saiu da empresa, em junho de 2004, para disputar a Prefeitura de Curitiba foi lhe oferecida a opção da demissão, o que lhe permitiria receber a multa de 40% mais o saldo do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
"Na época fui informado que receberia cerca de R$ 40 mil da multa, mas não aceitei. Eu pedi para sair e não iria usar o serviço público para ganhar dinheiro. Para mim não é algo moral", disse. O deputado afirmou desconhecer se a mesma proposta foi feita à ministra.
No "Diário Oficial" consta que a exoneração de Bueno foi "a pedido". Não há essa informação na da ministra.
OUTRO LADO
A ministra Gleisi Hoffmann afirmou à Folha, por meio da assessoria de imprensa, que "foi exonerada de Itaipu, conforme decreto publicado no Diário Oficial de 29/3/2006, e recebeu as verbas legais correspondentes". Ela não respondeu sobre o motivo da demissão.
A Folha entrou em contato com a assessoria da ministra várias vezes por email e por telefone. Também não houve resposta sobre por que a ministra recebeu o valor da indenização se ela pediu para deixar a empresa para disputar a eleição, e se considerava correto o pagamento.
A Itaipu Binacional informou à Folha que, "pelos regulamentos internos da Itaipu Binacional, informações sobre a situação funcional de empregados, ex-empregados, diretores, ex-diretores, conselheiros e ex-conselheiros são consideradas restritas".
Segundo a empresa, essa informação só poderia ser liberada "mediante aprovação expressa da diretoria ou conselho de administração". A empresa é mantida com recursos do governo federal e do governo paraguaio.
CARREIRA
Gleisi foi diretora financeira da Itaipu Binacional de 2003 a março de 2006 quando saiu para disputar a eleição ao Senado. Na ocasião ela não foi eleita. A Folha apurou que o salário na empresa era de cerca de R$ 30 mil.
O perfil da ministra na página da Casa Civil na internet diz que "com a vitória de Lula à Presidência da República em 2002, Gleisi foi indicada ao cargo de diretora financeira da Itaipu Binacional, onde aprimorou os seus conhecimentos em gestão pública."
Em junho, o jornal "O Estado de S. Paulo" revelou que o ex-diretor da empresa Alcântara Cyclone Space, Roberto Amaral, recebeu indenização da empresa, embora tenha deixado o cargo de diretor-geral a pedido. Ele recebeu R$ 280 mil, o que foi questionado pela oposição.
Itaipu Binacional é a empresa que administra a usina de Itaipu, que gera energia elétrica para abastecer o país.

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