Os heróis de Fukushima correm perigo de vida
Os trabalhadores da central nuclear de Fukushima já são considerados heróis porque trabalham para evitar um risco de explosão
nuclear e sabem que já terão sido contaminados
Os trabalhadores da central nuclear de Fukushima já foram sujeitos a níveis de radiação letal e poderão ter poucas hipóteses
de saírem ilesos. A fuga radiológica que tem colocado o Japão em alerta desde o sismo de magnitude 9 na escala de Richter
seguido de tsunami, ocorrido na passada sexta-feira pode causar-lhes a morte ou doenças crónicas.
Esta é a convicção
do director do Centro de Pesquisa Radiológica da Universidade de Columbia, em Nova Iorque. David Brenner disse à estação televisiva
CNN não ter dúvidas que os 800 trabalhadores de Fukushima têm a vida em risco.
«A situação deles não é boa», considera
David Brenner. «É bastante claro que estarão a apanhar altas doses de radiação. Existe de certeza probabilidade de estarem
expostos a doses letais de radiação. Eles sabem disso, e acho que estas pessoas devem ser consideradas heróis», explicou o
especialista.
As explosões já causaram a morte a onze trabalhadores, feriram 22 e dois estão desaparecidos na sequência
de uma das explosões.
Apesar de equipados com fatos anti-radiação, as explosões e incêndios ocorridos no núcleo de
Daiichi tem obrigado a várias retiradas dos trabalhadores das imediações do local.
O número de funcionários que
tenta resolver o problema de refrigeração dos reactores já foi esta semana reduzido de 800 para 50, tendo passado já esta
quarta-feira para 180 e, de novo, voltado a um máximo de 50 que trabalham incansavelmente por turnos para evitar que os problemas
na central se transformem numa catástrofe.
O trabalho de arrefecimento dos reactores não está a ser fácil. Os funcionários
têm deitado água do mar no núcleo dos reactores, mas as temperaturas elevadíssimas e a radiação libertada - oito mil vezes
acima do normal - coloca-os em risco e ainda não foi alcançado um nível de segurança de forma a que o perigo de desastre nuclear
esteja posto de parte.
Esta quarta-feira helicópteros militares japoneses lançaram água e ácido bórico via aérea
na tentativa de tentar resolver a situação.
A população está alarmada e os aeroportos estão «entupidos» de gente
que tenta abandonar o país, como é o caso das enviadas da TVI, Isabel Loução Santos e Paula Fernandes. «É
uma situação ameaçadora», relata a repórter: «Além da ameaça nuclear que paira sobre as nossas cabeças, continuámos a sentir
a ocorrência de sismos».
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