sexta-feira, 4 de março de 2011

KADHAFI E A REVOLTA POPULAR NA LÍBIA


04/03/2011 07h49
- Atualizado em
04/03/2011 09h47



Forças de Kadhafi controlam fronteira da Líbia com Tunísia, diz ONU

Informação é do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados.
Segundo a agência, 12.500 pessoas estão bloqueadas na fronteira.


A fronteira da Líbia com a Tunísia está controlada pelas forças leais ao regime do ditador Muammar Kadhafi, informou nesta sexta-feira (4) o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).


Também de acordo com o Acnur, 12.500 pessoas estão bloqueadas na fronteira com a Tunísia depois de uma fuga e aguardam uma operação de retirada.

O país enfrenta mais de duas semanas de protestos antigoverno, com bombardeios e mortes em diversas cidades do país. O ditador Kadhafi, há 42 anos no poder, recusa-se a renunciar.

A rede de notícias "Al Arabiya" informou nesta sexta que forças de Kadhafi realizaram novos bombardeios no terminal petrolífero da cidade de Brega, mas três fontes na cidade disseram não saber dos novos ataques.


Duas fontes de rebeldes e um civil afirmaram à agência de notícias Reuters não ter ouvido bombardeio.

Já a Al Jazeera informou que forças pró-Kadhafi e rebeldes entraram em choque em Ras Lanuf, onde há instalações petrolíferas, a 660 quilômetros a leste de Trípoli.


A TV informou ainda, sem dar mais detalhes, que há confrontos em Zawiyah, 50 quilômetros a oeste da capital Trípoli.

Também há relato de protestos em Trípoli.


Líbio que saiu fugido de seu país acorda em Ras Jedir, no lado tunisiano da fronteira (Foto: Joel Saget/AFP)Líbio que saiu fugido de seu país acorda em Ras Jedir, no lado tunisiano da fronteira (Foto: Joel Saget/AFP)

Para 'assustar'

Os bombardeios contra o porto de Brega tinham a intenção de “assustar” os rebeldes que lutam contra o líder líbio Muamar Kadhafi, afirmou o filho mais conhecido do ditador, Saif al-Islam, em entrevista ao canal britânico Sky News. “As bombas eram apenas para assustar, para que fossem embora”, disse.


MAPA LÍBIA MAIS CIDADES VALE ESTE (Foto: Arte/G1)(Foto: Arte/G1)

“Ali não há cidade. A cidade de Brega fica a quilômetros de distância. Estou falando do porto, onde há apenas uma refinaria de petróleo”, completou.


Saif al-Islam deixou claro que o regime fará de tudo para evitar que o porto passe ao controle dos rebeldes. “É o eixo do petróleo e gás líbios. Todos nós comemos, vivemos, graças a Brega. Sem Brega, seis milhões de pessoas ficarão sem futuro, porque desta região exportamos nosso petróleo. Ninguém permitirá que as milícias controlem Brega, que seria como permitir a alguém controlar o porto de Rotterdã”, disse.


Refugiados

A agência da ONU para refugiados informou que menos de 2 mil pessoas conseguiram atravessar a fronteira na quinta-feira, enquanto 12.500 estão bloqueadas depois de uma fuga, aguardando uma operação de retirada.

"Nos dias anteriores, entre 10 e 15 mil escaparam diariamente para a Tunísia, e ontem menos de 2 mil conseguiram cruzar a fronteira", disse Melissa Fleming, porta-voz da Acnur. "Estamos muito preocupados que a situação da segurança na Líbia esteja impedindo as pessoas de atravessar a fronteira", acrescentou. "O lado líbio da fronteira está sob controle neste momento de tropas pró-governo."


Além disso, aqueles que por fim conseguiam chegar ao outro lado contaram à Acnur que "seus telefones celulares foram confiscados, junto com suas câmeras". "Muitos dos que cruzaram a fronteira parecem assustados e não querem falar", explicou Fleming.

Por outro lado, a porta-voz estimou que "graças a uma rápida reação da comunidade internacional, houve um progresso significativo na retirada de egípcios e de cidadãos de outras nacionalidades da Tunísia". Dois voos para Bangladesh estão programados nesta sexta-feira.


Navios chegam

Dois navios anfíbios de guerra americanos, o USS Kearsarge e o USS Ponce chegaram nesta sexta à base militar de Souda, na Canea, a leste de Creta (Grécia), informou à France Presse o porta-voz da base, Paul Farley.

"Como parte de um esforço internacional para colaborar com a evacuação das pessoas que estão deixando a Líbia, o ministério americano da Defesa sob ordens do presidente fornece aviões militares para ajudar os egípcios que fugiram para a fronteira com a Tunísia a retornar ao Egito", indicou Farley, citado em um comunicado.


O "USS Kearsarge" é um porta-helicópteros que transporta barcos de desembarque. Este grupo de operações anfíbias, com cerca de 800 infantes da Marinha, uma frota de helicópteros e instalações militares, pode garantir apoio a operações tanto humanitárias quanto militares.

Jornalistas


Autoridades líbias proibiram jornalistas estrangeiros de deixar o hotel em Trípoli para cobrir protestos de opositores ao líder líbio Muammar Kadhafi, previstos para esta sexta-feira depois das rezas, informou a agência de notícias Reuters. Quando os jornalistas tentaram deixar do principal hotel usado pela imprensa, guardas bloquearam a saída.

Um porta-voz do governo disse que os jornalistas estavam sendo mantidos no hotel Rixos, porque a presença deles poderia aumentar a violência por parte do que chamaram de afiliados da rede al-Qaeda.


'São circunstâncias excepcionais. Nós sabemos que vocês falarão sobre isso e vão distorcer do jeito que quiserem', afirmou o porta-voz Mussa Ibrahim. 'Nós estamos nos preparando para pagar o preço por evitar que vocês façam reportagens para evitar que Trípoli se transforme em Bagdá.'


Diversos moradores da capital Trípoli afirmaram estar preparando protestos para esta sexta, quando deixarem as mesquitas, e estimavam uma reação violenta por parte de milícias pró-Kadhafi.

Cerca de 130 jornalistas estão no hotel e foram convidados para ir à Líbia em uma visita oficial organizada pelo governo. Os seus movimentos são monitorados por autoridades.


* Com informações da Reuters e France Presse



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