quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

DILMA, PARABÉNS!!!

Diplomacia
Irã protesta contra um posicionamento sensato de Dilma
Presidente deu pistas de que não seguiria política externa de seu antecessor

Ao dar pistas de que não seguiria a linha equivocada da política externa do governo anterior de apoiar ditaduras e crimes contra os direitos humanos, como o Irã, a presidente Dilma Rousseff provocou protestos na República Islâmica. Após anos de ótimas relações entre os dois países, o governo do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, se mostrou incomodado com as críticas feitas por Dilma, num primeiro sinal de mal-estar com o Brasil.

De acordo com reportagem publicada nesta quarta-feira pelo jornal O Estado de S. Paulo, um telegrama diplomático datado de segunda-feira contém o relato de diplomatas brasileiros em Teerã sobre essa insatisfação. Eles relatam que um assessor especial de Ahmadinejad telefonou para o embaixador brasileiro no Irã, Antonio Salgado, para se queixar. Ele teria transmitido o incômodo de Teerã com as repetidas referências à situação dos direitos humanos no Irã, feitas por autoridades brasileiras. Segundo o telegrama, o assessor iraniano pediu ao embaixador que informasse o Itamaraty sobre o desconforto.

Por oito anos, o Brasil adotou uma posição de cumplicidade em relação às violações aos Direitos Humanos no Irã. Depois de tomar posse, porém, Dilma criticou o comportamento do Brasil na ONU, ao abster-se de votar uma condenação às violações de direitos humanos no Irã. "Não concordo com o modo como o Brasil votou. Não é a minha posição", afirmou. "Ficaria desconfortável, como uma mulher eleita presidente, em não me manifestar contra o apedrejamento", disse ela, referindo-se à condenação da iraniana Sakineh Ashtiani.

Em entrevista publicada em VEJA desta semana, o chanceler Antonio Patriota foi na mesma linha. "A questão da ameaça de apedrejamento da iraniana obviamente vai contra tudo o que nós representamos", disse Patriota. "Acho que vai haver uma reflexão interna sobre essa questão dos direitos humanos." Preocupado com as declarações de Dilma, o governo iraniano se esforça para manter o Brasil em seu rol de aliados. O recente protesto parece ser a primeira consequência formal da mudança de direção da política externa brasileira em relação ao Irã.

Cumplicidade - O governo Lula foi marcado por uma posição de não intervenção nas questões que envolvem o país. Ele comparou os tumultos que se seguiram à eleição iraniana em 2009, quando centenas de iranianos foram detidos e agredidos por agentes do regime, a uma "briga de torcida" - não passaram de "uma coisa entre flamenguistas e vascaínos", disse Lula.

Quando questionado sobre a condenação de Sakineh, Lula afirmou: "É preciso tomar muito cuidado porque as pessoas têm leis e regras. Se começarem a desobedecer às leis deles para atender aos pedidos dos presidentes, daqui a pouco há uma avacalhação." O Itamaraty tradicionalmente se abstinha nas votações no Conselho de Direitos Humanos da ONU.


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